Vulnerabilidade e Modelos de Simulação como Estratégias Mediadoras: Contribuição ao Debate das Mudanças Climáticas e Ambientais

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Flávia F. Feitosa (flavia@dpi.inpe.br)
Antônio Miguel V. Monteiro (miguel@dpi.inpe.br)

Resumo

O desenvolvimento de políticas urbanas adequadas aos atuais desafios impostos pelas mudanças climáticas e ambientais demanda uma compreensão cada vez mais apurada dos processos sociais e ecológicos que regem o sistema urbano e deve contar com a mobilização de profissionais de distintas áreas do conhecimento. Para avançar nesta direção integradora, propomos a adoção de estratégias mediadoras que promovam uma “transposição de fronteiras”, sejam elas entre disciplinas, entre ciência e política, ou entre ciência e sociedade. Como ponto de partida, é importante o estabelecimento de conceitos mediadores, ou seja, palavras já adotadas como conceitos em diferentes disciplinas, com significados negociáveis, que permitem que distintas partes discutam sobre a multidimensionalidade de questões de interesse comum. Em estudos que lidam com as relações sociedade-natureza, apresentamos como o termo vulnerabilidade assume uma posição estratégica como conceito mediador. Adicionalmente, para que um conceito mediador seja materializado de maneira a subsidiar estratégias de planejamento, surge a necessidade de objetos mediadores que permitam agir em situações de incerteza e interesses divergentes. Neste artigo, apontamos os modelos de simulação computacional como objetos mediadores promissores, que viabilizam uma leitura do sistema urbano que compartilha percepções e experiências e possibilita uma exploração “empírica” dos processos inerentes às dinâmicas de vulnerabilidade.

Abstract

The development of urban policies appropriate to the current challenges posed by climate and environmental changes demands a more accurate understanding of social and ecological processes governing the urban system, and must rely on the mobilization of professionals from different fields of knowledge. To advance in this direction, we propose the adoption of mediation strategies able to ‘cross boundaries’ between disciplines, between science and policy, and between science and society. As a starting point, it is important to establish boundary concepts, i.e., words and concepts that have been adopted by different disciplines, with negotiable meanings, which allow different parts to discuss on the multidimensionality of issues of common interest. For studies dealing with the relation between nature and society, we show how the term ‘vulnerability’ has assumed a strategic position as boundary concept. In addition, in order to subsidize planning strategies, boundary concepts should be materialized as boundary objects that allow us to act in situations of uncertainty and divergent interests. This article presents computer simulation models as promising boundary objects, which allow users to share insights and experiences and enable an ‘empirical’ exploration of processes that are inherent to vulnerability dynamics.


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